terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Altos Salários no Governo - Brasil e Estados Unidos



Como se determina que alguma categoria de trabalhador ganha mais do que outra? Deve-se controlar várias diferenças como idade, sexo, nível educacional, exigências de experiência e gênero. O que sobrar mostra que uma categoria ganha mais. Na comparação entre funcionário público e privado é a mesma coisa. No Brasil e em muitos países no mundo, o simples fato de possuir estabilidade funcional já dá ao funcionário público uma grande diferença salarial, mesmo que ele ganhe menos. Quanto vale não ter de se preocupar em ser demitido? Cometer erros no trabalho ou fazer greve sem o risco de ir para a rua?  10%, 20%, 50% do salário? A resposta vai depender do trabalho que a pessoa executa. Se o trabalho dela tem uma alta rotatividade, ela pode estar disposta a ganhar 50% a menos para ficar sem a preocupação de ser demitida. Quanto os servidores públicos estariam dispostos a deixar de receber para manter a estabilidade no emprego?

Além disso, no Brasil, há cargos no serviço público nos quais o funcionário tem 60 dias de férias, como no Tribunal de Contas da União. Quanto vale mais 30 dias de férias sem risco de perder emprego? Quanto você estaria disposto a deixar de receber para ter mais 30 dias de férias? A resposta vai depender de suas despesas, não é? E se o cara for senador, deputado ou vereador e só tiverem de trabalhar três dias por semana com direito a ajuda financeira para viagens e moradia?

Neste sentido, se o funcionário público, controlando todas  aquelas variáveis, ainda ganhar mais, temos uma elevada distorção do mercado de trabalho e o resultado será que o setor público atrairá todo tipo de profissão. Experimente perguntar ao servidor público em que ele se formou, e verá que o trabalho que ele executa, na grande maioria das vezes, não tem nenhuma relação com a sua formação. Isso acaba provocando falta de mão-de-obra qualificada no setor privado. Por vezes, o servidor público detesta seu trabalho, e gostaria de estar fazendo outra coisa que ele considera mais produtiva, mas o custo de oportunidade de deixar o emprego público é muito alto. Compare, por exemplo, o salário médio de um servidor da carreira de gestão da União que tem apenas graduação com o salário de um PhD dando aulas em uma universidade pública ou privada?

No Brasil, há várias comparações de salários entre empregados públicos e privados, mas se elas não observam pelo menos o valor da estabilidade, eu não os levo a sério. Além disso, há várias maneiras de distorcer a análise, como o uso de pessoal de prefeituras que não mereciam serem prefeituras, pois a cidade não tem condições econômicas de ser considerada um município, vive de ajuda financeira de outros entes federativos.

Nos Estados Unidos, o Obama congelou os salários dos funcionários públicos federais por dois anos. Lá também há uma debate sobre se eles ganham mais do que seus pares na iniciativa privada. Andrew Biggs e Jason Richwine consideram que sim. Controlando todas aquelas variáveis, esses servidores ganham entre 10% a 20% mais do que aqueles no setor privado. Eles duvidam que o congelamento dos salários por Obama irá aumentar a taxa de pedidos de demissão.

Como dizem Biggs e Ruchwine, o grande teste para saber se o serviço público é mais vantajoso é ver a procura pelos cargos. Quantos são as escolas no Brasil que vivem de concursos públicos?

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